sexta-feira, janeiro 30, 2009

IFMSA: MEDSA `09 - Amsterdam


Medical Summer School da IFMSA em Amsterdão, com o tema "The bridges between psychiatry and nerology in children and adolescents".

Mais info: www.ifmsa.org e brevemente em www.ifmsa.nl/medsa.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Comunicado ANEM: Estudantes convidados a terminar curso em Portugal

A Agência Lusa divulgou hoje declarações da Exma. Sra. Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, acerca do possível convite a estudantes portugueses que se encontram a estudar no estrangeiro para regressarem ao nosso país, tendo assim oportunidade de terminar o curso nas Escolas Médicas portuguesas (link para a notícia no site do Expresso).

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), enquanto representante de todos os estudantes de Medicina do país, não pode deixar de se pronunciar sobre algumas questões levantadas pelas referidas declarações.

Como é do conhecimento geral, todos os anos milhares de estudantes que terminam o ensino secundário pretendem ingressar no curso de Medicina, sendo o número de candidatos muito superior ao número de vagas disponível. Tal como em outros cursos, aqueles que não conseguem garantir o seu ingresso acabam frequentemente por optar por outras áreas de formação ou inclusive por repetir mais do que uma vez os Exames Nacionais de Acesso ao Ensino Superior, em busca de uma melhor nota de candidatura. Outros têm oportunidade de ir para o estrangeiro estudar Medicina, o que representa um grande investimento, com custos muito elevados, que apenas algumas famílias socialmente mais favorecidas conseguem suportar, no entanto, trata-se de um reduzido número.

Com a medida agora anunciada pela Exma. Sra. Ministra da Saúde, estará a ser promovido o regresso de estudantes portugueses que, na grande maioria dos casos, não conseguiram ingressar nas Escolas Médicas do país. No entanto, importa ressalvar que estes estudantes estarão a ter uma oportunidade, a que outros com classificações superiores de final do ensino secundário não tiveram acesso, porque as suas famílias não podiam suportar os seus estudos no estrangeiro. Na opinião da ANEM, trata-se de uma situação de clara injustiça para todos aqueles que pretendem tirar o curso de Medicina e que acabam por não o fazer ou por demorar vários anos a ingressar.

Por outro lado, importa salientar que o regresso destes estudantes terá também implicações no actual funcionamento das Escolas Médicas portuguesas. Como é também do domínio público, tem-se verificado um progressivo aumento de numerus clausus em Medicina, que atingiu em 2008/2009, um recorde histórico de 1614 vagas. Nos últimos 10 anos assistiu-se a um aumento do número de vagas de 288%, o qual não foi acompanhado pelo necessário investimento e crescimento das Escolas Médicas, com repercussões na formação médica pré-graduada. Actualmente, as Escolas Médicas portuguesas apresentam já sérias limitações infra-estruturais, que colocam em causa a aprendizagem teórica e prática, o que pode ter consequências para os próprios utentes dos Serviços Nacionais de Saúde.

Ao regressarem estudantes e serem integrados nas actuais Escolas Médicas do país, toda esta situação será agravada. Não basta formar médicos em quantidade, é preciso também garantir a sua qualidade técnica, científica e humana, o que exige recursos e condições adequadas.

Para terminar, importa também questionar o fundamento desta medida agora anunciada pela Exma. Sra. Ministra da Saúde. De acordo com as declarações prestadas à Agência Lusa, trata-se de uma tentativa de combater a alegada falta de médicos em Portugal. Tendo em conta o último estudo efectuado, em 2001, pelo Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, que estabelece as diferenças entre o número de médicos que se irão aposentar e o numero de novos médicos que irão começar a trabalhar, “apenas em 2016, 2017 e 2019 o número dos aposentados excede ligeiramente o número de licenciados” porém “entre 2000 e 2020, o excedente de licenciados corresponde a um total de 6350 médicos”. Apesar destas conclusões, diversas medidas têm sido tomadas no sentido de formar mais médicos em Portugal, tais como o aumento muito significativo de numerus clausus já enunciado, a criação de vagas específicas para licenciados ou ainda a abertura de um novo curso de Medicina na Universidade do Algarve. Não existem assim motivos para pensar que irá existir num futuro próximo, falta de médicos em Portugal. No entanto, acreditamos que se devem unir esforços para promover uma distribuição racional por região e especialidade e que se deve realizar um novo estudo que reflicta a realidade actual do número de médicos em Portugal e as eventuais carências.

Por todos os argumentos acima expostos, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina, representante das Associações e Núcleos de Estudantes das sete Escolas Médicas do país, não pode deixar de manifestar a sua indignação perante as declarações proferidas pela Exma. Sra. Ministra da Saúde.

Saudações Académicas,

Inês Laíns

Presidente da ANEM